30/06/2015

Depois

depois, o cigarro.

cinzas sobre nosso segredo,
você disposta sobre o lençol
[escuro
como uma presa que eu acabei
de devorar.

depois, o sono.

dormias nua sobre teu cansaço
vencida pela mecânica do sexo:
tantas maneiras e o vício e a fumaça.

depois, partida.

mas antes que te aprumasses
(era sempre o mesmo gesto:
te levantavas e, preguiçosa,
repetias as desculpas de sempre.
Já não te pedia para partir, apenas
para que voltasses com tua forma
e teu colo)
te segurava pelo braço
-a rotina sugeria o esquerdo-
e te puxava para a cama
ainda descoberta
e mais uma vez
num exaspero de solidão
nos consumíamos
o corpo o cheiro o suor o gosto o toque
o sussurro o desejo o momento o líquido

e depois

você saindo por aquela porta
esquecendo outra quinquilharia
só pra dizer que "talvez vem buscar"

depois.

24/06/2015

Aquarela

teu batom marcando meu afeto
e teus olhos
à deriva em nosso encanto
onde cabem as confissões
do misterioso gosto
das palavras
que viram sonhos
e você, na minha noite
embaçada: luzes & vontades
são as cores que pintamos
uma aquarela de planos
misturadas nossas pernas
nosso sexo, nossas bocas
formando cores novas
e depois, ou mesmo antes,
a cerveja (escura ou clara?)
a conversa
o riso
fatal como nossos corpos:
sinuosos de prazer.