depois, o cigarro.
cinzas sobre nosso segredo,
você disposta sobre o lençol
[escuro
como uma presa que eu acabei
de devorar.
depois, o sono.
dormias nua sobre teu cansaço
vencida pela mecânica do sexo:
tantas maneiras e o vício e a fumaça.
depois, partida.
mas antes que te aprumasses
(era sempre o mesmo gesto:
te levantavas e, preguiçosa,
repetias as desculpas de sempre.
Já não te pedia para partir, apenas
para que voltasses com tua forma
e teu colo)
te segurava pelo braço
-a rotina sugeria o esquerdo-
e te puxava para a cama
ainda descoberta
e mais uma vez
num exaspero de solidão
nos consumíamos
o corpo o cheiro o suor o gosto o toque
o sussurro o desejo o momento o líquido
e depois
você saindo por aquela porta
esquecendo outra quinquilharia
só pra dizer que "talvez vem buscar"
depois.