31/10/2015

Em meu poema

dou voz no meu poema
à pele que sussurra teu toque
aos ossos que sustentam meu corpo
em seu lugar de fala
aos pelos eriçados
que espreitam o desejo
em meu poema há teu verbo
e antes o que calas
há teu passo célere
os meus te acompanhando
e para onde vamos
pergunto em meu poema
mas não, não respondas
apenas habite em meus versos
na métrica que não tenho
no papel tantas vezes rabiscado
(em que surgem tuas consoantes
teu nome se formando como um rio
caudaloso & claro)
surja nas entrelinhas
- espaço interdito em que
te beijo
e te abasteças do que não te digo;
escrevo.

29/10/2015

Impressionista

em teu quente colo repouso
confundem-se em minha boca
palavras que não criei
para denominar-te, mulher:
és por si só a força de mil sonhos
e todos eles me segredam teu nome
marulham meus dedos
formando versos,
um poema que te espreita:

nele caberá teu corpo
ilha em que me perco e me construo
(teu corpo: matéria singela
derivando no espaço de minha memória)
e também aquilo que de ti exala
tua voz recendendo
sons que me acalantam
tua parcimônia e teu desejo

o amor, em sua fronteira movediça
nos sugere uma bandeira
que flamula
como o tempo de um encontro
e o toque da saudade.