21/08/2018

inútil paisagem

guardo, no alforje da memória,
um poema nunca escrito.
e como poderia escrevê-lo
se se abate a noite sobre o halo
das circunstâncias?

lavo as mãos, sujas de pó de estrelas:
para ser poeta não bastam mais as palavras
para ser gente é preciso sufocar o que nos tange
e seguir adiante
pé ante pé
como se o ruído dos versos
não fosse tão alto
como o mais profundo adeus.