Ao relento
No espaço até onde posso ver
Nunca fecho os olhos
Com medo de que as estrelas caiam sobre mim.
Já em casa, em minha cama de gente comum,
Adormeço profundamente
Sonhando com as mesmas estrelas
Intangíveis como um sonho de infância
Porque sei que estou guardado
Por aquilo que não vejo.
Tal qual estrelas desmoronando sobre meu [corpo solitário
São as palavras nas quais não devo confiar
Posto que surgem vez ou outra
E me impelem a escrever e a ler poetas tristes
Num desassossego semântico-lexical
E eu me torno um poeta de intervalos:
Entre um verso e outro, tudo aquilo
Que não sei dizer.