04/05/2021

Elegia

 Algum dia

Quando cansar da lida diária

Sentarei sob aquele cajueiro

Onde inscrevi teu nome 

e o meu à faca

E também onde esqueço teu cheiro

Enquanto macero as folhas grandes e verdes

Aroma agridoce como tua partida  

à faca, cindindo todas as palavras não ditas


Embaixo daquele cajueiro

Onde um dia ouvi teus olhos 

Murmurando em lágrimas uma canção 

Que eu jamais decifraria: 

Teu coração tamborilava,

e o meu, à faca,

Era descosturado.