Haverá sempre mato nos jardins.
A terra flamula sua iconoclastia e
O rebento do solo prenhe de existência.
Haverá sempre o sonho, um aquífero
Repousando na desordem da cabeça,
Esperando para emergir.
Houve sempre o farto gole de vida
(na infância
quando manejava verdes soldados de plástico
quando estrategicamente os colocava no barro
minha cabeça casamata onde se escondiam planos
secretos de partida e solidão)
Por entre os arbustos
(que insistimos em arrancar
pois são corpos estrangeiros estragando nossa paisagem
tão bem organizada)
Nasce a noite o triste pulsar de estrelas
e também às vezes o amor que
Haverá sempre de romper a pele
E gritar sozinho, anunciando a senha
Dos que esperam e pelejam.
Havia em mim o beijo do destino.
(a descoberta da paixão inevitável
como as nuvens que pastam no céu
as glórias e incertezas teus olhos e
aquilo que não dissemos)
Haverá sempre o sopro
Embalando a rede das mudanças
E a gesta das pequenas coisas cotidianas
Há o gosto, a cambraia, o almíscar das tardes
Que não percebes; sentes.