a poesia é como um felino que se chega
e roça em minhas pernas
ronrona - um sonho brando
macia como a esperança a poesia
se envolve por onde tropeço
mas quando tento passar-lhe a mão
esse bicho vira fera
um leão rasgando meus punhos
doloridos punhos de poeta
e ruge versos oblíquos
secos e perdidos dentro do meu cotidiano
então surges, amor, com tua lança e flanco azul
mãos em riste, halo idílico
e já não nos movemos - fera e eu
e já esse animal sossega e vira palavra
pra te adornar
e adormecer.