Estou farto do lirismo, Bandeira.
Aqui quem fala é o primo pobre, mais um sobrevivente
desse século, de segunda
década
em que se atropela de barbarismos
que não são vícios de linguagem
senão matéria viva e observável.
Até agora eu não achei a chave, Drummond.
Engolida pela Justiça,
que prende como quer
(na muralha, em pé, mais um cidadão José.)
deve ter entrado pelo cano
e agora, o que será da palavra?
Não vim ao mundo catar feijão, João
antes: eu nego o poema
quero a antipoesia
(eu era a carne, agora sou a própria navalha!)
o que nos consome
em tragédia e silêncio.