sábado

Cuiabá, 300

buracos nas vias
os bares e suas luzes
o sol secando roupas
molhando de suor os rostos
trabalhadores indo e vindo
maracanãs e sabiás
mangueiras e oitis.

a conta da energisa
o centro e a periferia
o futebol e os grafites
artistas intelectuais
vendedores ambulantes
pedintes estudantes
professores polícias.

os ricos em mansões envidraçadas
os pobres em bairros esparramados
rios e córregos torando a cidade:
meu poema.

(passarei: como passaram dom aquino, dicke, manoel de barros, sodré.
meu verso fica: não tem pra onde ir.
daqui a cem anos, outros poetas cantarão a cidade:
se ela resistir.)