No varal, as roupas esperam
Não imóveis, tocadas pela brisa noturna
Aguardam que eu as retire
Descansam enquanto escrevo um poema de amor.
Mas não ouso, pois rasgo
Os poemas, as roupas jamais
Também eu não estou imobilizado:
Agitam-se em mim os pensamentos
Que não dissipo, reverbero.
Haverá um tempo de completa mudança
Não hoje não logo não sei:
Meus versos são inquietos
Como as roupas e o que penso.
Preso à minha classe e algumas roupas
Me custa caro ser brasileiro
E eu custo a ser eu.