26/09/2022

Cena

No varal, as roupas esperam

Não imóveis, tocadas pela brisa noturna

Aguardam que eu as retire

Descansam enquanto escrevo um poema de amor.

Mas não ouso, pois rasgo

Os poemas, as roupas jamais

Também eu não estou imobilizado:

Agitam-se em mim os pensamentos

Que não dissipo, reverbero.

Haverá um tempo de completa mudança

Não hoje não logo não sei:

Meus versos são inquietos

Como as roupas e o que penso.

Preso à minha classe e algumas roupas

Me custa caro ser brasileiro

E eu custo a ser eu.