Os prédios e as torres de comunicação não dormem nunca, sempre imóveis, em pé, vigiando os céus e o que por baixo deles passa.
Dormem as gentes em distintas horas. Eu não, porque me ocupo em pensar na poesia que eu não poderia escrever.
Dormem a ira e a indiferença, dorme o riso, e a dor também há de dormir.
Dormirá o amor?
Fecho os olhos: não há sono. Você deve dormir, e eu devo cuidar do que nos foge às palavras.
O que tenho guardado em mim: dorme.
Aquilo que não sabemos: dorme.
Dorme o que é morte e o que é vida.
E o poema boceja.