As linhas das minhas mãos
segredam um poema de amor.
Nas pontas dos dedos
as impressões digitais
que me diferenciam de outros
da minha espécie
me fazendo único;
gente.
Nas cicatrizes, nas pintas
nos calos
nas unhas: leuconíquia.
Sob a pele, que ora enruga,
ora resseca:
há o labor de um poema.
Nessas mesmas mãos
dadas ao trabalho e ao amor
que seguram objetos
que escrevem mensagens
que aplaudem e se comunicam
- mãos de poeta.
São nelas que mora o poema
aquele que eu escrevo
e que chega aos olhos
sabe-se lá de quem
e que o sentirá
- préstimo ou provocação -
com outros sentidos:
minhas mãos escrevem
um poema de amor;
eu amo.