06/06/2019

As mãos

As linhas das minhas mãos
segredam um poema de amor.
Nas pontas dos dedos
as impressões digitais
que me diferenciam de outros
da minha espécie
me fazendo único;
gente.
Nas cicatrizes, nas pintas
nos calos
nas unhas: leuconíquia.
Sob a pele, que ora enruga,
ora resseca:
há o labor de um poema.
Nessas mesmas mãos
dadas ao trabalho e ao amor
que seguram objetos
que escrevem mensagens
que aplaudem e se comunicam
- mãos de poeta.
São nelas que mora o poema
aquele que eu escrevo
e que chega aos olhos
sabe-se lá de quem
e que o sentirá
- préstimo ou provocação -
com outros sentidos:

minhas mãos escrevem
um poema de amor;
eu amo.