quando hoje acordei
ainda fazia escuro
acendi a luz do banheiro
e me olhei no único espelho da casa:
era eu mesmo quem refletia ali
- olheiras profundas,
rosto envelhecido
poros, pelos, cicatrizes,
cartilagem, lembranças.
e pela pequena ventana
uma brisa, sopro de existência:
havia vida lá fora
e o mundo inda respirava.
haveria àquela hora da manhã
quem saísse para o trabalho
quem dormisse nos lençois
[amarrotados de amor
quem chorasse e quem nascesse.
e haja eu para tantos acontecimentos!
num instante
fui tantos e outros:
Mas quantos Césares fui?