sábado

Nocturno n. 8

Em horas como essas

Quando a noite desvela seus mistérios

E o canto dos pássaros é agouro puro

É que cicio meus poemas 

(Os versos que escrevi colhendo palavras frescas

As rimas que inventei catando cacos de sílabas)

E com as contas que carrego junto ao punho

recito outros poetas, os sórdidos e os 

consagrados

Todas as palavras que aprendi 

lendo mulheres e homens, poetas: como eu;

Vivos ou mortos: como eu;

Gente, sobretudo: como eu ou você.


São em horas como essas

Quando a luz precária dos postes 

adornados de panfletos 

Não ilumina o acaso o que há-de-vir

o que-será? 

Que eu mastigo um verso esperançoso

Do qual me lembro apenas das palavras

- é tarde demais para as metáforas!

Que eu: punhos cerrados dentro do 

bolso da calça

Enfrento o tempo o medo a cidade

- Um poema como patuá -

Carrego meu sonho de menino

A fé no futuro, no peito um coração

E você, como eu.